Segunda-feira. De novo o começo da semana. Sábado de longe se avista. Novamente a via crucis do trabalho, a rotina, o dia-a-dia que sabemos de cor.
Já choveu, o tempo está nublado e desligo o computador às 10:00 hs da manhã. Hora de acarinhar as cachorras, falar que mamãe vai trabalhar, pegar os sacos de lixo na cozinha, sair de casa, apertar o botão do elevador e, enquanto isso, lançar os sacos de lixo lixeira abaixo. Dois quarteirões até a estação do metrô, quinze minutos até a Estação Carioca e mais uma rua inteira até chegar no Juizado. Tudo igual todo santo dia de trabalho se não fosse por... na esquina de casa, antes de pegar a reta dos dois quarteirões rumo ao metrô, escorreguei e caí.
Me ouvi falando "Nossa Senhora!" em plena queda e "Caramba!" quando limpava o joelho que beijara o chão mais que rapidamente. Dois segundos e já estava de volta ao meu caminho. Mas levei um susto. Com a queda e comigo. Não acredito em Nossa Senhora, com todo respeito, nem penso nela hora alguma do dia. E, convenhamos, Caramba! é meio antigo para se falar... por que não um palavrão?
Esquecemos que em toda rotina há sempre imprevistos, o inesperado se mostra, as surpresas se fazem, mesmo que pequenas, mesmo que não vejamos... elas estão ali. Então não há rotina a não ser a que pensamos existir. A rotina, se existe, é nossa única culpa. Por não percebermos pequenos detalhes ou tombos homéricos nos chamando atenção para o ineditismo de cada segundo, de cada momento que não se repete nunca mais.
Claro que não pensei nisso tudo enquanto me limpava agilmente e retomava meu caminho, tão aborrecida pela rotina, pelo trabalho, pela mesmice que eu mesma impingia às coisas que me rodeavam. Só fui perceber o grito do tombo quando parei no metrô e comecei a ler as crônicas de Martha Medeiros. Essa sim..atenta a tudo no mundo. Ao lê-la se percebendo de tantas coisas que não vemos dentro de nós mesmos, percebi que rotina nenhuma é pior do que a que criamos. Porque o mundo não se repete, nunca é igual e guarda surpresas sem fim.
Surpresas imensas, médias e, principalmente, mínimas . Surpresinhas tão pequenas que são como pequenas contas, miçangas coloridas que brilham quando nossos olhos desatentos finalmente as encontram.
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