Um dia resolvi escrever sobre o tempo.
Essa coisa que nos atravessa e modifica e metamorfoseia nosso fora e nosso dentro com seu objetivo questionável e indecifrável. Há sentido nesse correr, nesse movimento de começo e fim? Ou será que, pensando nessa ordem aprendida e repetida exaustivamente de que as coisas têm que ter início para que se desenvolvam e finalizem, haja visto até hoje como funciona o esquema de uma redação: introdução, desenvolvimento e conclusão?
Mesmo que subverta a ordem para parecermos moderninhos ou criativos, há sempre a necessidade de se identificar um desenvolvimento que ambiciona ou almeja um fim.
A vida - essa com quem nos deparamos em nossas questões, emsimesmamentos, crises e espantos - se mostra, de fato, tão ordenada e objetiva assim?
Ou as coisas se atropelam e dançam a valsa louca da contradição, incoerência e imprevisibilidade de nossos "destinos"?
Como fugir até de um vocabulário que determina o pensamento? Pois se o que nos aguarda é o nosso destino e o que se destina, é a consequência, o alvo, o ambicionado em algum começo, se faz um círculo vicioso.
Mordemos o próprio rabo na busca por sentido - eis novamente as palavras nos pregando peças. Sentido - lembra direção, direção avança para algum lugar, algum provável "destino", que é o fim onde se quer chegar. Ou se chegou mesmo sem querer pois a vida não tem lógica, ordem, sentido ou destino.
Posso viver e alcançar meu começo ou sentir que não estou a meio caminho de nada ou que encerro aqui minha caminhada, por livre e espontânea opção, contra toda a expectativa mundial.
Afinal o que é o tempo a não ser essa mania de dona de casa caprichosa que cisma que tudo tem que ter seu lugar e ai de quem desarrumar?
Proponho esquecermos os parâmetros aprendidos para uma vida mais liberta de tanta expectativa quanto ao futuro.
Afinal, o futuro pode ser agora.
Ou já passou e nem notamos.
segunda-feira, 26 de outubro de 2009
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