sábado, 3 de outubro de 2009

PECAMOS

Pela familiaridade, pecamos.
Pelo óbvio sentido e consentido, passamos pela vida e pelo mundo sem prestar atenção. Sem escutar o ruído por baixo das vozes, a batida atravessada por trás dos murmúrios.
Por nossa pressa, assassinamos pensamentos, vislumbres, descobertas, paixões antes mesmo de nascerem. Abortamos então. Podemos depois disso reclamar considerações? Nos indignar pela violência do mundo?
Não sejamos hipócritas.
Somos seres medonhos.
Que não olham pros lados, pros cantos, pras curvas, pros escuros. Medo de ver o que? A nós mesmos com outras roupas, outros rostos, outra vida encerrada? Medo de ter que tomar uma atitude, um posicionamento, ter uma opinião ou, pelo menos, uma convicção por menor que seja que justifique? Que faça valer o espaço que ocupamos. E o tempo que não sabemos usar.
Pela familiariadade, pecamos.
Pelos costumes.
Pelos hábitos.
Pelos óbvios.
E por nós mesmos quando repetimos sem pensar a história da humanidade até aqui.
Que nos fez tão pequenos que nem mesmo enxergamos.



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