quinta-feira, 15 de outubro de 2009

EXPLICAÇÕES

Não penso em uma filosofia da destruição.
Não ambiciono a vida sem o homem sobre a terra.
Não sonho com a extinção da racionalidade e, com ela, todo seu mal.
Porque pensar é também invejar, invadir, desumanizar, excluir, maltratar, julgar, fazer sofrer, doer, humilhar, menosprezar. Todos pensamentos, fundamentados em convicções e sentimentos, que ousaram se concretizar na realidade pela ausência e ousadia dos atos, dos gestos, do agir.
Mesmo assim não creio que o homem esteja perdido embora, em si, encontre tantos caminhos que sua existência é quase sempre desnorteada.
Me encanto com os pessimistas.
Outro dia vi um documentário sobre Emil Cioran e fiquei atordoada. Com a força, o vigor, a vitalidade e a virulência de suas palavras.
Porque de livros e discursos mornos o mundo já está cheio e não nos comovem ou instigam mais. E de que servem palavras se não forem para transformar, para pôr em movimento nossas visões sempre mutáveis da vida e dos seres?
Não há Filosofia sem se depreciar o mundo?
Ou apequenizar o ser humano e sua necessidade agônica em se sentir justificado em uma existência que não entende?
Não me considero pessimista embora tenha uma queda intelectual pelos niilistas, pelos que trazem as mãos sujas de tanto mexer e escavar o fundo do homem.
Porque se lá está a perdição... por que não acreditar que em algum lugar, entre a sujeira, a lama, a carne e o sangue, também não estejam a luz, o sol, o brilho que nos cegará de respostas e compreensão?


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