sexta-feira, 9 de outubro de 2009

A FALTA

A falta é o que angustia.
Aquele vazio de busca que nunca se intera.
Aquela ânsia por revelação. E que justificam os livros, a escrita, a vã tentativa do descobrimento.
Enquanto escrevo, percebo. E me surpreendo por não haver percebido antes, com a ajuda dos outros sentidos. Olhar, tocar, ouvir, sentir gostos e cheiros não me fazem vislumbrar o que a palavra traz.
Talvez os sentidos sejam fracos.
Ou distraídos.
Ou sua natureza seja superficial demais.
Mas é minha própria natureza! Então o homem é planície, sem surpresas em sua essência?
Mas há a falta.
E com a falta, a fome por respostas.
E só pergunta quem não é plano mas tem arestas, fundos, relevos.
Porque a pergunta é um incômodo. Causado pela dúvida, pela ignorância, pela curiosidade que é o agitar da alma.
O que faz a falta?
O que cria a angústia?
Será por tédio que nos transcendemos?
O mundo se molda em minha mente enquanto escrevo. E sussurro, murmuro como em uma prece á medida em que palavras saem da boca e logo encostam no papel.
Talvez por isso falem de Deus.
Do verbo que se fez Homem.
Verbo: mais que ação - PALAVRA.



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