Comemoro, nos aniversários, a vitória. A conquista sobre a vida por mais um ano. Porque a cada dia milhares, milhões de possíveis e infelizes desencadeamentos poderiam ter se sucedido e a vida se interrompido drástica e, muitas vezes, dolorosa e humilhantemente.
Quando falo que comemoro não a nova idade e seu futuro - incognoscível mas tão esparançosa, idealistica e utopicamente celebrado já de antemão - mas os dias que se passaram à margem do fim, falam Cruzes! e me olham como se eu fosse um corvo, um "Never more" lúgubre a espalhar minha sombra fria sobre suas douradas ingenuidades.
Talvez seja preciso acordar desse sono passivo de apenas ver o lado "feliz", leve e cor-de-rosa da vida. Que eu nunca consegui com meus olhos atentos e astigmáticos, enxergar.
Em tempo algum gostei de histórias de princesas disneyanas e finais felizes para sempre pois sempre tiraram a densidade, a complexidade, a carne da existência e da vivência humana.
Vida que para mim, para ser digna, é aquela em que camponeses brutos e rudes agarram suas ferramentas para combater as intempéries do tempo, dos humores, das doenças, dos acasos, das fatalidades.
A coerência que exijo é a mental. Que os atos e a vida estejam em conformidade, que sejam sangue do mesmo sangue de seu pensamento, de sua emoção, de seu sentimento que se transfiguram em atos, escolhas, caminhos. Conscientes e coerentes à aceitação de suas consequências. Sejam de glórias ou infortúnios.
Os dias não se seguem iguais.
Nem os tempos, tão relativos a lugares, épocas, motivos, ambições, resultados.
A indução nos engana no chão que nos mostra e se quer real.
Mas não há nada em que se possa confiar.
O sol se retira e a chuva desaba.
Um pássaro grita no ar.
O vento desarruma os cabelos.
A poça era mais funda e a pedra que se chutou distraidamente, não saiu do lugar.
Não há o certo.
O previsto.
Muletas a se escorar.
Por isso comemoro os aniversários ao meu modo.
Vejo o bolo como minha coroa de louros.
E meus convidados, as pessoas a quem preciso, sobrevivente e vindo de uma guerra, dar a notícia da vitória.
Há que se comemorar o passado.
O ano em que, apesar da vida, permanecemos.
E não entregamos as armas porque a luta ainda não terminou.
Quando falo que comemoro não a nova idade e seu futuro - incognoscível mas tão esparançosa, idealistica e utopicamente celebrado já de antemão - mas os dias que se passaram à margem do fim, falam Cruzes! e me olham como se eu fosse um corvo, um "Never more" lúgubre a espalhar minha sombra fria sobre suas douradas ingenuidades.
Talvez seja preciso acordar desse sono passivo de apenas ver o lado "feliz", leve e cor-de-rosa da vida. Que eu nunca consegui com meus olhos atentos e astigmáticos, enxergar.
Em tempo algum gostei de histórias de princesas disneyanas e finais felizes para sempre pois sempre tiraram a densidade, a complexidade, a carne da existência e da vivência humana.
Vida que para mim, para ser digna, é aquela em que camponeses brutos e rudes agarram suas ferramentas para combater as intempéries do tempo, dos humores, das doenças, dos acasos, das fatalidades.
A coerência que exijo é a mental. Que os atos e a vida estejam em conformidade, que sejam sangue do mesmo sangue de seu pensamento, de sua emoção, de seu sentimento que se transfiguram em atos, escolhas, caminhos. Conscientes e coerentes à aceitação de suas consequências. Sejam de glórias ou infortúnios.
Os dias não se seguem iguais.
Nem os tempos, tão relativos a lugares, épocas, motivos, ambições, resultados.
A indução nos engana no chão que nos mostra e se quer real.
Mas não há nada em que se possa confiar.
O sol se retira e a chuva desaba.
Um pássaro grita no ar.
O vento desarruma os cabelos.
A poça era mais funda e a pedra que se chutou distraidamente, não saiu do lugar.
Não há o certo.
O previsto.
Muletas a se escorar.
Por isso comemoro os aniversários ao meu modo.
Vejo o bolo como minha coroa de louros.
E meus convidados, as pessoas a quem preciso, sobrevivente e vindo de uma guerra, dar a notícia da vitória.
Há que se comemorar o passado.
O ano em que, apesar da vida, permanecemos.
E não entregamos as armas porque a luta ainda não terminou.
Nenhum comentário:
Postar um comentário