quarta-feira, 3 de março de 2010

VOLTANDO AO BLOG

Não quero ser dona de uma só história.
Ou de uma só voz que tente explicar o mundo.
Tarefa talvez impossível, talvez pequena ou mesmo ampla demais.
Uma só voz não daria conta de tamanha contradição necessária para cercar todo um globo em seus diferentes lados. Porque é uma esfera só no nome uma vez que contém pessoas.
E pessoas têm arestas e farpas.
Não há como ser liso o contorno do mundo.
Não há como não doer entendê-lo ao abraçá-lo.
Pareço retroceder quando, na verdade, avanço. Pois sei que é de espera o caminho mas também tenho por certo a urgência do tempo.
Não posso ter uma só voz que siga coerente pela areia ou pela terra, pelo barro ou pelo asfalto, pelo corpo ou pela pele, pela dor ou pelo sentimento de tentar pertencer.
Não a uma só voz.
À uma garganta apenas que lhe dê moradia.
Não à um só corpo que em breve se desfará.
Não à uma lembrança sem marcas por não viver a voz que não se quis única.
Quero vinte, trinta mil vozes diferentes.
Para cada dia do ano,
para cada segundo de vida,
para cada amor,
para cada amigo,
para cada mãe e pai
que trago comigo.

Um comentário:

  1. Márcia,

    Esplêndida volta! Texto brilhantemente escrito ao estilo Márcia Novaes, e estilo que mais aprecio em seus escritos.
    Sua voz não é uma só voz, voce já possui mil, milhares de vozes diferentes.
    Obrigada por brindar meu dia com uma de suas vozes!

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