segunda-feira, 16 de novembro de 2009

UM BARULHO ESTRANHO

Ouvi um barulho estranho. Nem bem um barulho. Era o som de uma ave que eu não conhecia. Tão pouco acostumados aos sons da natureza, parece que só reconhecemos buzinas ou alarmes de carro.
Corri para a janela para ver. E pude alcançar ainda o vôo de um gavião. Essa ave tão pouco afeita à nossa vista.
Moro em plena cidade do Rio de Janeiro, em meio a prédios, ruas, avenidas onde só asfalto, lojas e bancos são vistos ao longo do mar. Glorioso mar.
À frente de minha janela, uma pedra imensa que comporta, em seu vazio, um túnel. Mas do seu lado de fora, uma vegetaçao teima em sobreviver, agarrada na superfície dura de seu chão.
Outra semana vi dois abutres namorando na mesma pedra e alguns pequenos lagartos às vezes correm em disparada por sua superfície para se misturarem de novo à vegetação.
Quando a noite é quente, besouros e insetos visitam meu quarto, minha sala. E algumas aranhas até já se acomodaram pelos cantos ou tetos.
A vida ocupa todos os espaços.
Por menores que sejam, por mais improváveis que pareçam, há sempre algo vivendo em todo lugar.
Que nossos olhos e ouvidos estejam sempre atentos.
Que nossa sensibilidade esteja alerta e presente.
Porque somos parte dessa respiração, dessa ânsia por momentos, dessa conquista que é estar vivo, testemunha do tempo, do espaço, da liberdade de ser.

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