O ar condicionado do vizinho pinga como uma torneira aberta. E as gotas, em seus espaços temporais bem marcados, repetidos sem personalidade junto ao barulho dos grilos, escondidos nos matos da pedreira lá de fora fazem a sinfonia de minha madrugada.
Quase peço ao deus insone que me mande um anjo com uma lança dourada.
E que ele me atravesse o corpo da cabeça aos pés, me fisgando inteira, em sua fatalidade divina.
Saber que tudo é mais fácil e ,ao mesmo tempo, não ser capaz de sentir essa familiaridade com a nitidez de minha visão, me faz ansiar pelo gélido metal dourado do anjo.
Trágica?
Talvez.. se não percebesse os grilos cantando fazendo contraponto ao gotejar contínuo da rotina de nossos dias.
Mesmo assim, os grilos não me fazem dormir.
Por isso ainda sonho acordada com o anjo de olhos de infinito e sexo bendito que, com sua espada dourada me atravessaria inteira, sem um grito.
quinta-feira, 5 de novembro de 2009
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