quarta-feira, 4 de novembro de 2009

DESABAFO

Me acho uma pessoa com grande tendência ao emsimesmamento e ao consequente isolamento que isso traz. Porque dentro de mim não há festa, grupos, música alta ou carros correndo a 200 por hora.
Talvez por isso fale e reclame tanto do espaço que as pessoas têm no mundo - quando, além de habitarem seu próprio metro quadrado, invadem o alheio. E comente o ruído, o barulho constante e contínuo que domina a vida.
Dentro de mim, o silêncio reina absoluto e embala minhas noites. Tenho sono leve e qualquer suspiro mais alto, acorda meu pensamento.
Teimo em escrever desde os oito anos e até hoje quase nunca me satisfaço com o que faço. Sempre à mão, escrevo com uma lapiseira 9 mm pois tenho horror à escrita fina e frágil de grafites que se quebram à toa e mal marcam o papel.
Porque quero ficar.
Quero ser presente nos olhos dos outros, nas palavras que aos poucos formam sentidos em outras mentes.
Quero que vejam mais de perto a intimidade que à poucos exponho no dia-a-dia. E achem graça de minha inaptidão aos jogos, às regras, às artimanhas do mundo. Pouco percebo os jogos entre nós.
Mas quero ficar.
E sentir que fui feliz mesmo sem a tão falada euforia. Essa coisa estranha e alheia à minha própria natureza. Minha felicidade é calma e silenciosa.
Mas como me fazer presente e pessoa amiga se tão pouco me identifico com os outros?
Por isso escrevo.
E me angustio por não saber mostrar que a leveza é o grande mistério revelado, a única chance de redenção, a fonta de juventude, nossa eternidade sonhada.
Mas escureço ambientes.
Questiono motivos, busco razões para os deslizes humanos, intolerante e irritada com meus iguais.
Como ficar, sendo assim?
Mesmo sabendo que o que importa é o sentimento. E que o amor, esse sim é o grande aglutinador das boas intenções, das delicadezas, das atitudes gentis, das palavras macias que acolhem e aninham as almas fazendo-as esquecer a rotina dura dos dias.. se me pego a questionar o porquê da superficialidade humana se as emoções são feitas de profundezas e abismos?
Será mesmo?
Ou sou eu apenas quem carrega nas tintas gritando o mal que nos fazemos pela ignorância que nos têm dominados quando para ficar, para realmente marcar minha vida nos outros bastaria apenas repetir com outras milhões de vozes por segundos infinitos: te amo, te amo, te amo?

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